Na sexta-feira (08), o coletivo de mulheres Arquitetura na Periferia, de Belo Horizonte, apresentou em um painel na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O evento foi organizado por um coletivo de entidades, entre elas o Mobiliza Curitiba, a Terra de Direitos, coletivo Trena, SENGE e o CAU/PR.
Levar o serviço de arquitetura e urbanismo e engenharia à periferia! Esta é a proposta do Coletivo Arquitetura na Periferia, de Belo Horizonte, que busca melhorar a moradia de mulheres por meio da capacitação das moradoras na construção e reforma de suas residências. Com a prática da assistência técnica, o coletivo atua em duas comunidades da capital mineira: Dandara e Eliana Silva.
Na manhã da última sexta-feira (08), o grupo apresentou o seu trabalho num evento realizado no campus Ecoville da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba.
Assista ao painel Assistência Técnica e a Experiência do Coletivo Arquitetura na Periferia:
À noite, o coletivo participou de um bate-papo com profissionais e estudantes da área, na sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR).
Assista à Roda de Conversa:
O projeto surgiu em 2013, após a dissertação de mestrado da atual integrante do coletivo, Carina Guedes, que questionava o motivo da maioria da população brasileira não ter acesso aos serviços técnicos prestados por arquitetos e urbanistas e engenheiros, antes e durante a obra. A Assistência Técnica pública e gratuita para a população de baixa renda é assegurada pela Lei Federal nº 11.888/08, como parte integrante do direito social à moradia previsto no Artigo 6º da Constituição Federal.
Na capital paranaense, o grupo apresentou as etapas práticas e teóricas de uma obra para que mulheres de comunidades carentes possam ajudar a projetar e a efetuar construções em suas residências. As mulheres, inclusive, participam da criação das plantas dos imóveis, tratam da questão econômica da obra, até chegar à etapa final, colocando a mão na massa com a oficina de construção. “Contar a nossa experiência aqui é muito importante porque a gente percebe que há um crescimento do interesse pelo tema da assistência técnica no país. A atuação com essa demanda está aumentando nos últimos anos. Precisamos fomentar o debate, conhecer experiências de outras cidades e, principalmente, ver o retorno que esta ação traz à sociedade”, afirmou Carina Guedes.
Para a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UTFPR, Débora Rocha, um dos papéis fundamentais da universidade é questionar e olhar quais as realidades vividas e pensadas no Brasil e no mundo. “A experiência passada pelo Coletivo Arquitetura na Periferia trouxe uma reflexão para os alunos. Eles ponderaram sobre quais tipos de profissionais pretendem ser, sobre o que estão aprendendo atualmente e como aplicar os conceitos na prática. A assistência técnica é um grande nicho de mercado, importante e necessário para a sociedade, só que muitas vezes esta questão passa despercebida pelos estudantes. Em geral, o foco do mercado está em apenas 4% da população que pode contratar serviços de arquitetura e urbanismo e engenharia. Devemos ter outra percepção do mercado de trabalho e notar os outros 96% que precisam dos serviços da mesma maneira”, disse a professora.
O coordenador de planejamento e pesquisa da Fiscalização do CAU/PR, Walter Gustavo Linzmayer, participou e representou o Conselho nos eventos. “Não é à toa que o CAU/PR apoiou esta iniciativa. Já realizamos palestras e seminários sobre assistência técnica porque os arquitetos e urbanistas têm um papel crucial no desenvolvimento da nação”. Linzmayer lembrou que o CAU é obrigado a gastar parte de sua arrecadação com editais de assistência técnica para habitação de interesse social. “Ou seja, por meio de projetos de arquitetura e urbanismo fomentamos a mudança da realidade social de comunidades carentes de todo o país”.
Além dos eventos na UTFPR e no CAU/PR, no sábado (09), o Coletivo Arquitetura na Periferia ministrou uma oficina na Sociedade Barracão, que fica no bairro Boqueirão. A comunidade de catadores de materiais recicláveis recebeu a primeira vitória de usucapião coletivo no Brasil (saiba mais).
Veja um pouco trabalho do coletivo: